quarta-feira, 26 de outubro de 2011




Sempre ouvi, e pensei, que as pessoas, em geral, quando morrem, tornam-se boas.
Até hoje.
Velórios não são agradáveis, fato. Mas é interessante o que se observa ali.
Hoje, tive a oportunidade de ouvir e compartilhar histórias de minha Tia-Avó, tão querida por todos ...
Com quem falei, de quem ouvi, foram boas histórias, engraçadas, e inspiradoras.


- Certa feita, chegou em casa um enteado dela, e viu-a sentada no escuro, com seu crochet em mãos, tentado fazê-lo. Ele perguntou a ela: "Tia, o que a senhora está fazendo aí, no escuro? Ela, prontamente, respondeu: "Estou rezando pra que clareie um pouco, pra eu fazer meu crochet!" hahahaha-


Refleti um bocado desde sábado quando a vi tão fraquinha, tal qual uma criança indefesa, sobre os valores que conservamos e pelos quais pautamos nossas vidas...
Notei que aquilo que às vezes me soava como possivelmente enfadonho, na verdade me fazia feliz, e lamento não ter feito mais, como por exemplo visitar a Tia e o Tio.
Tão amorosos um com o outro, tão bem-humorados, mesmo diante das mãos calejadas e dores nas costas, pernas e almas...
Sempre contavam-me boas histórias, de um tempo em que a vida era um bocado mais difícil, mas nem por isso menos agradável. Estas histórias que lembrei hoje, com o coração triste pela falta que agora sente.
Ouvi de todos com quem falei palavras de admiração sincera pela minha querida Tia Rosalina. Digo sinceras, porque olhos que se enchem de lágrimas enquanto a boca fala das lembranças, dificilmente mentem ...
"Ela ajudou a tudo e a todos" foi o que mais ouvi. E comprovei isso desde menina, em todo tempo que estive com ela.
As lições que me deixou, ainda vou seguir aprendendo, pois foram muitas pra se dar conta em tão pouco tempo.
Lembro que sempre que conversava com ela, ela me dizia o quanto se preocupava pelo fato de eu chegar tarde da aula.
Lembro da preocupação com o marido, com quem casou aos 76 anos, e o quanto procurava cuidar dele, e evitar que ele se se preocupasse.
Lembro das risadas, quando ele fazia alguma brincadeirinha típica de casal, tal como um tapinha no bumbum.
Sim, depois dos 80 é possível amar e demonstrar este amor.
No momento, estou ainda refletindo sobre os valores que tem pautado a minha vida, mas de uma coisa estou certa, vale a pena viver!
Ela viveu uma boa vida, e partiu tranquila. Estou certa de que, se houver jardins nos céus, ela estará lá, todos os dias, no pôr do sol, regando as flores (permitam-me a licença poética).
E os gerânios? Continuam lindos! Dormirá linda, com alguns deles consigo.

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